Fichamento I


FICHAMENTO I


VALENTE, José Armando; ALMEIDA, Fernando José de. Visão Analítica da Informática na Educação no Brasil: a questão da formação do professor.

Resumo:
Os autores discorrem sobre a questão da informática na educação, relatando que apesar de muitos incentivos quanto a qualidade dos computadores nos ensinos, este não está disseminado na escola. Dessa forma, estes autores se questionam sobre o porquê desse acontecimento, levantando hipótese como sendo falta de vontade política, porém a reposta não é tão simples.
Com essa indagação os autores dividiram o texto abordando assuntos como a história da informática na educação brasileira, a influência dos outros países no desenvolvimento da informática no Brasil, abordando principalmente a influência dos Estados Unidos da América e da França. Logo após, voltam o foco para o próprio país com o intuito de entender as bases da informática na educação, a formação desses professores e a evolução das tecnologias e as implicações delas na formação dos professores. Os escritores procuram dialogar de maneira simples e objetiva sobre a situação de informática na educação brasileira e como os professores estão lindando com essa temática.

Citações Principais do Texto:
“(...) além da falta de verbas existiram outros fatores responsáveis pela escassa penetração da Informática na Educação. A preparação inadequada de professores, em vista dos objetivos de mudança pedagógica propostos pelo "Programa Brasileiro de Informática em Educação" (Andrade, 1993; Andrade & Lima, 1993) é um destes fatores. Esse programa é bastante peculiar e diferente do que foi proposto em outros países. No nosso programa, o papel do computador é o de provocar mudanças pedagógicas profundas ao invés de "automatizar o ensino" ou promover a alfabetização em informática como nos Estados Unidos, ou desenvolver a capacidade lógica e preparar o aluno para trabalhar na empresa, como propõe o programa de informática na educação da França.” (p. 1).
“A Informática na Educação no Brasil nasce a partir do interesse de educadores de algumas universidades brasileiras motivados pelo que já vinha acontecendo em outros países como nos Estados Unidos da América e na França. Embora o contexto mundial de uso do computador na educação sempre foi uma referência para as decisões que foram tomadas aqui no Brasil, a nossa caminhada é muito particular e difere daquilo que se faz em outros países.” (p. 2).
“Não se encontram práticas realmente transformadoras e suficientemente enraizadas para que se possa dizer que houve transformação efetiva do processo educacional como por exemplo, uma transformação que enfatiza a criação de ambientes de aprendizagem, nos quais o aluno constrói o seu conhecimento, ao invés de o professor transmitir informação ao aluno.” (p. 2).
“A linguagem Logo foi desenvolvida em 1967 tendo como base a teoria de Piaget e algumas idéias da Inteligência Artificial (Papert, 1980). Inicialmente essa linguagem foi implementada em computadores de médio e grande porte (PDP 11 e PDP 10, respectivamente), fato que fez com que, até o surgimento dos microcomputadores, o uso do Logo ficasse restrito às universidades e laboratórios de pesquisa. As crianças e professores se deslocavam até esses centros para usarem o Logo e nessas circunstâncias os resultados das experiências com o Logo se mostraram interessantes e promissores. Na verdade, foi a única alternativa que surgiu para o uso do computador na educação com uma fundamentação teórica diferente, passível de ser usado em diversos domínios do conhecimento e com muitos casos documentados que mostravam a sua eficácia como meio para a construção do conhecimento através do uso do computador.” (p. 4).
“Hoje sabemos que o papel do professor no ambiente Logo é fundamental, que o preparo do professor não é trivial não acontecendo do dia para a noite (Valente, 1996).” (p. 4).
“Alguns críticos dessa abordagem pedagógica argumentam que a exploração da rede, em alguns casos, deixa os alunos sem referência, com sensação de estarem perdidos ao invés de serem auxiliados no processo de organizar e digerir a informação disponível.” (p. 4).
“(...) a implantação do programa de informática na educação no Brasil inicia-se com o primeiro e segundo Seminário Nacional de Informática em Educação, realizados respectivamente na Universidade de Brasília em 1981 e na Universidade Federal da Bahia em 1982. Esses seminários estabeleceram um programa de atuação que originou o EDUCOM e uma sistemática de trabalho diferente de quaisquer outros programas educacionais iniciados pelo MEC. No caso da Informática na Educação as decisões e as propostas nunca foram totalmente centralizadas no MEC. Eram fruto de discussões e propostas feitas pela comunidade de técnicos e pesquisadores da área. A função do MEC era a de acompanhar, viabilizar e implementar essas decisões. Portanto, a primeira grande diferença do programa brasileiro em relação aos outros países, como França e Estados Unidos, é a questão da descentralização das políticas. No Brasil as políticas de implantação e desenvolvimento não são produto somente de decisões governamentais, como na França, nem conseqüência direta do mercado como nos Estados Unidos.” (p. 9).
“A segunda diferença entre o programa brasileiro e o da França e dos Estados Unidos é a questão da fundamentação das políticas e propostas pedagógicas da informática na educação.” (p. 10).
“A terceira diferença é a proposta pedagógica e o papel que o computador deve desempenhar no processo educacional.” (p. 10)
“A nossa experiência observando professores desenvolvendo atividades de uso do computador com alunos tem mostrado que os professores não têm uma compreensão mais profunda do conteúdo que ministram e essa dificuldade impede o desenvolvimento de atividades que integram o computador.” (p. 16).
“Na verdade, a introdução da informática na educação segundo a proposta de mudança pedagógica, como consta no programa brasileiro, exige uma formação bastante ampla e profunda do professor. Não se trata de criar condições para o professor dominar o computador ou o software, mas sim auxiliá-lo a desenvolver conhecimento sobre o próprio conteúdo e sobre como o computador pode ser integrado no desenvolvimento desse conteúdo. Mais uma vez, a questão da formação do professor mostra-se de fundamental importância no processo de introdução da informática na educação, exigindo soluções inovadoras e novas abordagens que fundamentem os cursos de formação.” (p. 16).

Comentários (parecer e crítica):
Baseado no texto, podemos notar que há uma defasagem no aprendizado dos professores quanto à informática na educação, pois a proposta para uma mudança pedagógica no ensino brasileiro busca uma formação mais ampla e completa sobre o assunto. Conforme minhas experiências pessoais e as conclusões que os autores deram ao texto, não basta apenas ensinar o professor a utilizar as novas tecnologias, deve-se também proporcionar a eles um auxílio, sempre que necessário, para que dessa maneira o ensino e aprendizagem dos alunos não fiquem defasados.
É interessante a forma como os autores trazem outros países para explicar a influência destes no Brasil, porém é um pouco arriscado fazer essas comparações, pela forma que cada leitor possa interpretar. Os autores procuram descrever de forma objetiva e fiel a situação educacional informatizada de outros países não com o intuito de nos classificarmos como um país com menos condições, mas para entendermos como surgiu a informática na educação e quais as vantagens para o nosso país quando conseguirmos seguir e utilizar a informática com o mesmo objetivo.

Questionamentos (questões levantadas e dúvidas):
Com a informática na educação, há uma nova proposta de um modelo pedagógico, buscando uma nova atualização dos professores. Caso estes tenham uma formação completa em sua graduação, mesmo assim estariam em falta com as novas tecnologias? Acredito que sim, pois a tecnologia está mudando rapidamente, com novas formas e interações, desse modo, quando a pessoa entrar na graduação, a tecnologia ao se formar já será outra.

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